Aqui começa a minha jornada, no mundo maravilhoso do sentimento de SER "Simplesmente Avó"

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Todos nós já sabemos que o seu gosto pela natureza é genético (seu pai, avó e biso materno e bisa paterno), mas essa avó coruja aqui se derrete toda quando presencia ou mesmo recebe fotos suas nessas ações. Só sei que amo ver você com esse cuidado e tenho esperança que leve para o resto de sua vida.

Uma historinha: a vovó ganhou umas sementes de um tipo de feijão, que na Bahia se chama andú, dadas por amiga de longe, e levou lá para a roça (Sítio Maria Goreth) e fez questão que você participasse do plantio. Você todo contente plantou e ano seguinte eles cresceram muito. Veio a hora da colheita. Primeira vez, você colheu, mas ainda não eram muitos. Esse ano estavam carregados, então você foi colher com seu pai, os dois debulharam e encheram um saquinho, que foi levado para Salvador, onde foi preparado com todo esmero e você comeu tudinho, dizendo que você estava comendo o feijão que plantou. Porém, não planejei direito na época do plantio e como eles foram plantados dentro do jardim, tomaram o espaço todo, por essa razão a vovó teve que cortar os pés, porém, agora, já tem um lugar específico para plantá-los novamente, das muitas sementes que produziram. Só que você voltou depois disso lá e não sabia, correu direto para onde estavam plantados e ficou meio tristinho pois não os viu lá. Então sua mãe explicou e me parece que você entendeu 🙂

Colhendo…

Ainda colhendo…

E comendo….

Agora vamos jardinar…

Aguando…

Muita água…

Acabou…rsrs

 


Bem, você já está ficando um homenzinho, com turminha da escola, amiguinhos e amiguinhas!

Achei muito bacana a proposta da escola em fazer uma confraternização pelo término do ano letivo, onde os pais, filhos e professores das classes de todas as faixas etárias se envolveram em atividades lúdicas, num tempo de socialização e aconchego. Esse foi seu primeiro ano de participação!

Vamos deixar registrado agora esses momentos.

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Em princípio fiquei na dúvida onde publicar essas memórias, mas depois pensando melhor achei que você Arthur, iria gostar de mais tarde conhecer a cultura dos seus antepassados, pois coisas como essas, serão antiguidades e talvez você não tenha mais oportunidade de saber.

Eu tenho doces e saudosas recordações da sua trisavó (a mãe da sua bisavó), que era minha avó (mesmo sendo apenas mãe de criação da minha mãe, pois a mãe biológica mesmo faleceu quando ela ainda era menina).

As lágrimas vieram-me aos olhos, pois tenho tanta recordação da minha avozinha (materna), na verdade, passei mais tempo com ela do que com meus pais. Dentre as várias coisas que ela tinha na sua casinha simples, uma é a que me emociono mais lembrar, pois era a sua atividade preferida, o dia todo na almofada de bilros, fazendo rendas de encomenda e para a família. Até morrer, aos 98 anos ela ainda costurava, não sei como enxergava os buraquinhos minúsculos dos desenhos no papel para enfiar os alfinetes. E era rápida viu? Manejava aqueles bilros com uma maestria que dava gosto ver. Já postei isso até aqui veja mais uma vez:

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Minha avó Filó (Florina) – in memoriam – Marcelo e Natan…

1.) Almofada de bilros:almofada de bilros

2.) Ferro à brasa: colocava-se o carvão e para acender tinha que soprar no buraco que tem no fundo, até a brasa pegar. Esse prego que tem na frente era para travar para não abrir.

ferro a brasa

3.) Gamela de madeira: lembro que a Vó Filó usava para “banho de assento” como dizia ela (higiene). Mas usava para lavar roupa também. Só que a dela era de um modelo redondo e bem funda, não achei nenhuma foto semelhante na minha busca.

gamela de madeira

4.) Bule esmaltado: fervia o pó de café nele e depois despejava no coador de pano, após coado, voltada novamente ao bule para ir para a mesa. Amava o café fresquinho (que ela gostava bem forte), com pão e manteiga, beijú ou biscoitos “palito” (formato comprido e feito de fubá e farinha)

Bule-De-Cha-Esmaltado-Agata-20140923141210

COADOR

5.) Pote de barro para água: Á agua era conservada em potes feito esses, exatamente assim, forrado na boca, com uma tampa em cima e sobre ela os copos de alumínio (que ela mantinha brilhantes). Mais tarde, veio o filtro de barro.

pote de barro

6.) Fogão a lenha: acendia pela manhã para o café e deixava até depois do almoço. O fogão dela era menor que esse da foto (e detalhe: a vózinha morava na cidade). Esse parece mais com o que a minha mãe Benta tinha lá na casa da roça.

fogão a lenha

7.) Colchão feito de palha: Era muito comum no interior e na fazenda as pessoas terem colchões enchidos à palha de junco (um capim que nasce nos brejos). Lembro que ela sempre gostava de colocar no sol, dizia que era para matar os micróbios 🙂

colchao de palha

8.) Travesseiro de macela do campo: além do colchão cheio de palha, tinhámos também travesseiros com enchimento de macela (que é uma flor do campo macia). Para que não cheirássemos o pólen, o travesseiro era costurado com capa de lona e depois envolvido com outra capa de tecido de algodão.

travesseiro com marcela

Macela

Flor da macela do campo (secava para encher travesseiros)

9)Machucador de madeira: ainda hoje vemos os machucadores de madeira, porém ela usava para tudo: para machucar tempeiros, socar sal grosso para afinar e ervas para chás.

machucador de tempero

10) Pilão de madeira: Esse não era muito usado por minha avó, mas ví muito lá na roça para socar arroz, que depois era passado para a peneira para tirar as cascas.

pilao

11) Panela de barro: A comida era cozida nelas e o sabor fica diferenciado, mais saborosa!

12) Chaleira de ferro: usada mais para esquentar água para tomar banho.

chaleiras-de-ferro-coloniais-antigas-vintage-chaleira-cinza-cabo-ferro

13) Candeeiro ou lamparina de latão: quando ainda não tinha luz elétrica, dormíamos cedo e ela tinha dois modelos. Um para a cozinha que era parecido com esse menor e outro para iluminar a casa, que era com proteção de vidro e parecido com a lamparina (só que a lamparina esfumaçava as paredes). Tempos depois surgiu o que chamávamos de Aladim (que a luz era fluorescente).

candeiro lamparina

candeeiro (1)

aladim

Aladim

 

14) Esteira de palha: é feita de palha da bananeira seca e curada, pode ser feita de um tipo de junco aquático. Ela gostava de colocar no chão para eu brincar de boneca ou lanchar e também usada embaixo do colchão para forrar o estrado (peça de madeira que suporta o colchão) e ficar mais macio para o colchão. A sua Bisa também usava muito para colocar eu, sua avó, e meus irmãos para comer “pirão de ovo, com cebola” , e outras vezes almoço mesmo, assim ela tinha a certeza que não estava faltando nenhum filho, pois éramos sete e passávamos a maior parte do tempo na casa da fazenda (agora eu, naquela época, confesso que não gostava muito de “roça”, preferia ficar com a sua trisavó na “rua” como chamávamos quem ficava na cidade. Hoje não trocaria mais a vida do campo pela cidade).

esteira de palha

Viu, meu neto? Essas são as recordações de sua avó, que quero deixar para você, como histórico familiar, para você contar a seus amigos, quando crescer, se tornar adulto e talvez passar para sua futura geração!


Mesmo que ainda não esteja ao nível de entender os festejos, aqui veremos a diferença de um ano para o outro e assim sucessivamente. Todos esses registros servem para você acompanhar como foi o desenrolar dos seus primeiros anos de vida.

São João é comemorado com muitas comidas típicas, todas à base de produtos do milho, onde no interior ou em alguns bairros da cidade tem fogueiras, festas típicas de quadrilhas e muitos fogos de artíficio. A tempos passados, também era comum soltar muitos balões coloridos ao céu, mas isso se tornou muito perigoso, pois quando eles caiam em algum lugar de floresta ou vegetação seca ateava fogo e havia incêndios, agora isso é proíbido.

Seu S. João de 2014 (você estava com 09 meses)

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Seu São João de 2015 (você com 1 ano e 09 meses). Você queria soltar “traque” toda hora..:D 😀

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Aprendi que só podemos SER aquilo que trazemos na bagagem ao longo do aprendizado da vida, mas parto do princípio que todas as coisas e situações se transformam de acordo com as lições aprendidas. Eu não posso mudar o que fui, mas posso mudar quem quero ser. Quero que meus netos me vejam por dentro, com todos os meus defeitos e qualidades e sobretudo que saibam apreciar o exemplo que tentarei passar para eles e me esforçando para ser um pouco melhor a cada dia que passar. Gostaria de ser uma avó presente no cotidiano, mas sei que isso é praticamente impossível, pois cada família tem sua rotina e todos tem uma vida a viver, mas tentarei estar junto nos principais momentos, ou nas datas importantes, quando as circunstâncias permitirem, querendo lembrar aqui que: “nem toda distância é ausência e nem todo silêncio é esquecimento”…

Quero ter tempo prazeiroso para dividir com eles, como ler livros, contar estórias (isso eu tenho que aprender rsrsrs), tomar banho de rio, de mar, ir ao shopping, ensinar a mexer com a terra, admirar os animais e a natureza de uma forma ampla. E finalmente, acompanhá-los no mundo da informática e tecnologia, que não sou boba nem nada… 😀

Quero estar um pouco mais na frente que no tempo em que criei meus filhos, com heranças dos meus pais e meus avós, que foram aprendizados úteis, mas agora com nova roupagem. Tenho mais lembranças da minha avó materna, pois foi com quem convivi mais e dela quero ter a firmeza, a paciência e a generosidade, mas excluir o “carrancismo” em determinadas atitudes.

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Ser avó, não tem preço…

Algumas lembranças  que me vieram a mente da minha meninice e adolescência: Minha mãe, que até me ensinou a costurar, pois ela era uma modista excelente, com moldes de como cortar uma calça, um vestido. Lembro que até cheguei a fazer um para uma afilhada e tempos depois essas aulas me ajudaram a confeccionar cortinas e colchas para o quarto das minhas filhas, mas ficou somente nisso, nunca mais fiz mais nada…   😀

Minha avó materna, Filó (Florina, que na realidade era tia da minha mãe que a criou desde bebê, depois da morte da sua mãe) me ensinou a fazer crochê e a bordar, o crochê eu até ainda sei fazer, mas bordar, não me identifiquei. Vó Filó, tinha o cabelo todo branquinho, longo, mas sempre enrolado com um coque preso com grampos, vivia a costurar suas rendas de bilros, que fazia com maestria (numa ligeireza de dar inveja). Eu ficava horas e horas impressionada como ela não errava nenhum buraquinho daquela cartela onde tinha os desenhos, onde ela espetava o alfinete seguindo o desenho do riscado. Os bilros, parece até que estou vendo, faziam um barulhinho caracterísitico quando eram jogados de um lado para o outro, eram lindas rendas, ela vendia aos metros para as costureiras. Tinha um hábito também de fumar à noite, antes de dormir, também era a única vez durante o dia (fumo de rolo, que ela comprava na feira do Conde todos os sábados). Mas depois das sua baforadas, escovava os dentes de uma maneira muito interessante, usava um pedaço de caule da folha de uma palmeira (que já esqueci o nome) e ia tomar o banho. Colocava talco e ia dormir toda cheirosa, quase sentada em um monte de travesseiros, pois tinha asma e isso a ajudava a respirar melhor. Muitas vezes dormi com ela. Era ela quem me dava apoio quando não me sentia bem, quando estava triste ou estava doente, tinha sempre um chá pronto para tudo e um mingauzinho! E a velha chaleira, lembro muito bem, ela sempre conservava em cima do fogão de lenha e tinha um bule de esmalte verde também, com um coador sempre na parede para o café da tarde, ela adorava um café bem forte e preto, nada de leite! Água no filtro de barro.  Lembro também que tinha uma bacia grande, feita de madeira, chamada “gamela” (o nome é devido a madeira utilizada ser da árvore gameleira, por ser uma madeira macia e leve), a dela era bem rústica! Nos dias atuais não se vê mais esse tipo de coisa!  Ela morreu com quase 100 anos e meus filhos ainda tiveram a sorte de conhecê-la!

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Almofada de rendas de bilros

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Minha Avó/tia materna Florina, popularmente Filó – também já falecida. (Trisavó/tia de Arthur)

Já meu avô materno, Horácio Ferreira Batista, as lembranças são as das suas histórias “de medo”, que nós netos ouvíamos fascinados, com os olhos arregalados, sentados na varanda da casa da fazenda. Histórias que , segundo ele, aconteceram  mesmo. Histórias que envolviam alguém que virava lobisomem, de pessoas que ele disse que conhecia e que se transformavam em mulas sem cabeça, dos compadres e comadres que brigavam e quando morriam viravam fogo fátuo!! Depois que acabava de contar tinha que responder aos nossos inúmeros questionamentos, que povoavam a nossa mente, ele inventava as respostas e quando não queria mais responder nos mandava dormir. Acho que todo mundo, da minha faixa etária, deve ter histórias semelhantes dos avós. 🙂

Meu avô materno, Horário Ferreira Batista (Trisavô de Arthur)

Dos meus avós paternos, pouca coisa eu lembro, principalmente do meu avô Costa, por ele já não vivia com a minha avó (Dina) desde que eu era muito pequena. Eles eram desquitados (naquele tempo não existia divórcio ainda). Encontrei com ele raras vezes, tinha os olhos de um azul cristalino e ele era muito bonito, mas o visitei nos seus últimos momentos de vida, num leito de hospital. A minha avó Dina era muito vaidosa, gostava de tingir o cabelo (naquela época chamava-se hennè, acho que depois virou henna) e viajava muito também para o sul da Bahia, para a casa da irmã, depois que os pais dela morreu. Tinha descendência indígena. Ela não era muito apegada com os netos, mas de uma coisa eu lembro, ela começou a me ensinar a fazer tricô, só que eu não me interessei, depois que comecei a fazer crochê. Ela era professora e às vezes dava aulas em casa. Eu também estive presente na ocasião da morte dela, onde fiquei revezando com Jaci, minha prima, ao lado da mesma. Morreu de aneurisma cerebral, em Conde, Bahia.

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Meus avós paternos, já falecidos. Avô Epifânio Georgino da Costa e Avó Andrelina Anunciação Costa, popularmente Vó Dina (Trisavôs de Arthur)

Claro, que para os meus netos, no futuro eles vão lembrar de coisas bastantes diversas do que eu vivenciei, mas gostaria que eles aprendessem e lembrassem de um tempo em que obediência aos pais e respeito aos mais velhos era o trivial variado.

Quero tentar ser uma avó presente, mas não invasiva. Acho que os avós podem ser conselheiros, educadores e um conforto em momentos difíceis.